segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O pedestal do mundo


O grande Euclides certo dia dava uma aula e, entre outros temas, falava do mundo. O jovem Ptolomeu - sem dúvida, o melhor aluno da sua turma - levantou a mão e lhe perguntou sobre o que o mundo estava apoiado:
_ Ele está apoiado - respondeu Euclides - sobre as costas de um enorme gigante.
Ptolomeu abaixou a cabeça e a aula prosseguiu.
Um momento depois, o jovem Ptolomeu levantou a cabeça e perguntou sobre o que estava apoiado o gigante.
_ Ele está apoiado - respondeu Euclides - sobre a carapaça de uma enorme tartaruga.
E rapidamente, sem esperar outra pergunta do seu aluno, Euclides acrescentou, elevando a voz num tom severo:
_ E debaixo de tudo isso só tem mais tartarugas!

Pela sua carapaça, redonda como o céu na parte superior e plana como a terra, na parte inferior, a tartaruga é a representação do universo: constitui-se, por si mesma, numa cosmografia; como tal, aparece em diversas partes do mundo.

A simbologia da tartaruga tem uma grande força nas culturas primitivas, pelo seu aspecto plástico e sua força. O texto inicial, fábula que remonta à Grécia clássica, nos fala sobre o confronto entre tradição (Euclides) e ciência (Ptolomeu) e sobre a intolerância.
Pensar diferente e buscar respostas que nos tirem dos preconceitos e das concepções 'primitivas' ainda são contestadas hoje em dia. E isso me faz lembrar da tartaruga, não como símbolo de força, mas como o símbolo de morosidade. Até quando?

Um comentário:

Felipe Andrade disse...

Mistificação e intransigência tem andado lado a lado há milênios... E, como estou numa fase pessimista (realista?), temo que nunca parem de andar juntas.

Adorei o texto e o início do seu blog.

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